O que escrever quando um nada enorme se agiganta em sua mente?
Eu poderia tentar liberar, parafraseando Drummond, a poesia que está viva aqui dentro.
Eu poderia falar sobre tantas coisas que me intrigam e me fazem refletir.
Eu poderia, mais uma vez, mostrar minha indignação em palavras com esse nosso Brasil.
É... Eu poderia...
Mas hoje está com um gostinho de despedida.
Mas hoje minha cabeça martelante e pesada gostaria de estar em outro lugar, fora do meu corpo.
Mas hoje a sensação que tenho é de querer ser um pássaro, uma brisa, ou qualquer outra coisa leve e com liberdade para ver o mundo.
O "deve", o "precisa" e o extenuante "ter que" são um peso dilacerador algumas vezes.
Mas não há tempo a perder.
Mas não pode se perder o passo.
A vida não te espera.
Meu eu passarinho
Esta preso numa gaiola vazia
À noite ele sonha que voa
E sorri, mesmo voando sozinho
Pois voar é sua maior terapia
Seus olhos contentes se fecham ao leve toque da garoa
Mas logo mais um dia amanhece
Leva seu voo e deixa a esperança
Meu eu passarinho nunca se esquece
De realizar os invencíveis sonhos de criança.